Saiu abalada. Como aquilo foi acontecer? Era notável que
sempre foi muito desastrada, mas, pensar tão alto para todos da sala ouvir? E o
pior, fazer Hannah se sentir mal por isso, foi tomar um balde de água gelada
com direito a choques de 220 volts. Mas
agora que estava fora da sala, tinha que procurar por sua amiga, ela precisava
se desculpar. Antes mesmo de encontrá-la, Kya começava a pensar milhares de
coisas que poderia dizer e que poderia ouvir, por conta de tantos pensamentos
seu rosto ruborizava, as lágrimas quentes vinham sem que ela pudesse controlar.
- Em que tipo de inferno ela se meteu? – Resmungava a garota
do rosto extremamente vermelho, enquanto não achava Hannah em nenhum lugar do
colégio. De repente ela parou no meio do pátio e bateu com a mão na testa. Como
poderia ser tão lerda assim? Kya correu para o banheiro, e encontrou sua amiga
recostada em uma das pilastras a olhando.
- Você demorou. – Disse séria.
- Hannah, me perdoe, eu não queria ter feito aquilo, é
que... É que... Eu... Você sabe né? Às vezes penso demais, me irrito fácil com
os pensamentos... Então... Sabe que eu não queria... Você sabe né? –
Provavelmente não teriam palavras o suficiente para descrever o quanto Kya
estava nervosa e embaraçada. Apertava as
mãos por trás das costas e olhava para o chão, do mesmo jeito que uma criança
quando ouve um sermão. Tinha os olhos carregados de lágrimas, esperando só a
primeira palavra de Hannah para desaguarem pelo seu rosto. Era toda tensão, ela
não se mexia, ela mal respirava, poderia dizer até que o tempo parou, pois não
conseguia ouvir nada do que estava acontecendo no mundo a fora. Era só
tensão...
- HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! – E essa foi a
reação de Hannah ao ver toda aquela cena a sua frente. Desabou em um riso
descontrolado, debochado, tinha escorregado pela pilastra para sentar-se. Sua
barriga doía e tinha dificuldade para respirar por conta da gargalhada.
Evidente que Kya a olhou com espanto, não entendia o que se passava. Era algum
tipo de pegadinha? Tinham armado contra ela? O que havia de engraçado naquele
papelão que havia passado na sala? Ela tinha vontade de balançar a amiga e
pedir explicações, de gritar e fazer aquela loira parar de rir. Mas antes que
tomasse iniciativa, Hannah secou os olhos lacrimejados e respirou fundo. – Você
precisa ver sua cara, olhe-se no espelho, está hilária! Kya, Kya, como pode ser
tão desatenta assim? Já pensou que os coordenadores da escola podem mandar seus
pais te levarem em algum psiquiatra?
- Mas... Você... Você saiu da sala! Pensei que a havia
constrangido, e que estava magoada. Por qual inferno você saiu?
- Ou saía, ou iria rir de você em frente a todos. Aposto que
não seria eu a ficar constrangida. Depois ainda me acusariam de bullying!
As primeiras reações foram de incompreensão, depois de medo.
Que garota estranha. Mas não demorou muito para que a tez de Kya relaxasse,
colocando uma mão na testa e a outra no ombro da amiga, aos poucos a boca ia
contorcendo, tremendo, criando um sorriso, a respiração se tornava falha. Logo
estava a gargalhar loucamente, e como em um bom companheirismo Hannah tratou de
gargalhar junto.
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